domingo, fevereiro 13

Milho de Pipoca

A transformação do milho duro em pipoca macia é símbolo da grande transformação por que devem passar os homens para que eles venham a ser o que devem ser.

O milho de pipoca não é o que deve ser.

Ele deve ser aquilo que acontece depois do estouro.

O milho de pipocas somos nós: duros, quebra-dentes, imprópios para comer. Pelo poder do fogo podemos, repentinamente, nos transformar em outra coisa.

Mas a transformação só acontece pelo poder do fogo.

Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho de pipoca para sempre. Assim como acontece com a gente.

As grandes transformações acontem quando passamos pelo fogo. Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito a vida inteira.
São pessoas de uma mesmice e dureza assombrosas.
 Só que elas não percebem. Acham que o seu jeito de ser é o melhor jeito de ser.

Mas, de repente vem o fogo.

O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos.
Pode ser fogo de fora: perder um filho, ficar doente, perder o emprego, ficar pobre.
Pode ser fogo de dentro: pânico, medo, ansiedade, depressão - sofrimentos cujas causas ignoramos.

Há sempre o recurso do remédio. Apagar o fogo.

Sem o fogo o sofrimento diminui. E com isso a  grande possibilidade da transformação.

Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro ficando cada vez mais quente, pense que sua hora chegou: vai morrer.

Dentro de sua casca dura, fechada em si mesmo, ela não pode imaginar destino diferente.
Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada.
A pipoca não imagina aquilo que ela é capaz. Aí sem aviso prévio, pelo poder do fogo a transformação acontece.

 PUM! e ela aparece como uma outra coisa completamente diferente que ela mesmo nunca havia sonhado.

Piruá é o milho de pipoca que, por mais que o fogo esquente se recusam a mudar.

Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem.

A sua presunção e o medo são a casca dura de milho que não estoura.

O destino delas é triste. Ficarão duras a vida inteira.

Não vão se transformar na flor branca e macia.

Não vão dar alegria em ninguém. Terminando o estouro alegre da pipoca, no fundo da panela ficam os piruás que não servem para nada.

Seu destino é lixo............
                                                                              " O amor que acende a lua"  Rubem Alves

Um comentário:

Hipermetamorfina disse...

Adorei!
Já fui milho de pipoca!
Hoje sou pipoca!
Daquelas lindas e cheias de sabor.
Amo ser pipoca! rs...
beijos menINA linda!